Osho: A História Completa

Imagine uma jornada espiritual repleta de paradoxos, uma mistura de meditação e controvérsia, de iluminação e escândalo. Essa é a história do movimento Rajneesh, um capítulo fascinante e complexo da história religiosa moderna.

Fundado pelo místico indiano Bhagwan Shree Rajneesh, também conhecido como Osho (1931-1990), o movimento, inicialmente conhecido como Rajneeshees ou "Pessoas Laranja" devido às vestes que seus membros usavam, atraiu milhares de seguidores em todo o mundo, especialmente durante as décadas de 1970 e 1980. Sua mensagem, uma mistura de filosofia oriental e ocidental, de liberdade sexual e crítica ao status quo, ressoou em muitos, mas também gerou muita polêmica.

Osho desafiou as normas tradicionais da moralidade hindu e, mais tarde, a moralidade cristã. Na Índia, ele criticou o casamento como um fardo para as mulheres, defendendo o livre amor e a liberdade sexual. Em seu auge, na década de 1970, o ashram em Poona, na Índia, abrigava cerca de 6.000 Rajneeshees residentes, além de milhares de visitantes.

A ascensão meteórica do movimento levou à criação de Rajneeshpuram, uma comunidade intencional no Oregon, nos Estados Unidos, que alcançou proporções surpreendentes nos anos 80. No entanto, o sucesso do ashram em Poona e a ambição do projeto de Rajneeshpuram desencadearam uma série de eventos controversos que culminaram em um julgamento polêmico. Um círculo interno de líderes foi acusado de crimes que incluíram uma tentativa de assassinato e o primeiro ataque bioterrorista registrado nos EUA, envolvendo a contaminação de alimentos com Salmonella para influenciar uma eleição local. Esses atos, apesar da complexidade dos detalhes envolvidos, levaram à deportação de Osho e ao fim abrupto de Rajneeshpuram.

Após a deportação de Osho em 1985, o movimento se retraiu. A sede voltou para a Índia e, com o tempo, recebeu uma recepção mais positiva da sociedade. Hoje, a Osho International Foundation, que administra os bens de Osho e o Osho International Meditation Resort em Pune, continua a preservar e difundir seu legado. Apesar das controvérsias do passado, o movimento deixaria uma marca indelével na história religiosa do século XX, inspirando reflexões sobre espiritualidade, individualidade e a complexa relação entre a busca pela verdade e as consequências de suas ações.

A lição principal dessa história, embora repleta de sombras, é a importância da responsabilidade e da ética no seguimento de crenças. A busca pela iluminação espiritual não isenta ninguém da responsabilidade moral e legal pelas ações. A jornada individual, por mais transcendental que seja, deve ser sempre orientada por respeito, compaixão e responsabilidade social.