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Francesca Albanese explica o que se está a passar em Gaza com as empresas
Uma economia de ocupação
acaba de se transformar
numa economia de genocídio.
A Bolsa de Valores de Tel Aviv
aumentou o seu valor em 179%.
70 mil milhões de dólares só no último mês.
Porquê?
Os fabricantes de armas
e os sistemas de vigilância e segurança
têm lucrado muito
com a personalização do armamento
e com a forma como Israel
aperfeiçoou certas técnicas de vigilância
ou de ataque,
matando palestinianos ao longo desta guerra genocida.
A Palestina sempre foi um laboratório para Israel
e Israel deve ser entendido como um Estado militar.
Para se preservar como um etnostato,
teve de se apoiar significativamente
no uso da força,
na força militar.
E os palestinianos forneceram
um conjunto infinito de recursos
para testarem técnicas de vigilância,
tecnologia
e outros tipos de armas
com zero responsabilidade,
zero escrutínio
e muito retorno.
Um povo enriquecido e outro apagado.
A economia de Israel
é um negócio de destruição,
de eliminação.
60.000 pessoas foram mortas.
Mais de 100.000 ficaram mutiladas.
Um terço dos mortos são crianças.
O mal que foi feito aos palestinianos é enorme
e dificilmente pode ser apaziguado pela justiça.
No entanto, há algo absolutamente abominável
na forma como este genocídio foi cometido.
Trata-se de um genocídio que foi imposto
através de armamento,
tecnologia
e sistemas de vigilância do século XXI.
Se eu olhar para trás agora,
após três anos deste mandato,
como relatora especial,
vejo uma continuidade
em vários trabalhos que realizei.
Israel violou o direito
de autodeterminação dos palestinianos,
tal como o direito de existir
na pequena terra que lhes resta.
Politicamente,
culturalmente,
economicamente,
estrangula a possibilidade de terem uma economia,
controlando os seus recursos,
terra, água, combustível, gás,
e desviando-os para si (Israel)
bem como os lucros que outros poderiam obter com eles.
E é por isso que insisto hoje
que precisamos de parar de alimentar esta ilusão
de que existe um Israel bom,
e um Israel mau,
um Israel bom com o qual não há problema em fazer negócios,
mas se atravessarmos a linha verde
e entrarmos nas colónias,
então torna-se problemático.
Não, é Israel que comete violações
do direito à autodeterminação,
que mantém uma ocupação ilegal,
que promove a anexação.
e, por conseguinte,
é Israel que hoje deve enfrentar sanções,
desinvestimento
e, com base no que a sociedade civil está a fazer
cada vez mais e com sucesso,
boicotes.
O relatório expõe uma economia de ocupação
que se transformou numa economia de genocídio.
Durante décadas,
Israel fez avançar o seu projeto colonial de colonização,
possibilitado, facilitado e apoiado,
por uma rede de entidades privadas,
que vão desde o sistema elbit do sector do armamento,
ao sector de vigilância da Lockheed Martin,
Palantir,
cujas ferramentas, técnicas e equipamentos
têm sido utilizados
para deslocar à força os palestinianos das suas terras,
para destruir as suas terras e meios de subsistência,
as suas casas,
e depois para os segregar e vigiar
com muros, vedações, câmaras CCTV, etc.
E depois têem sido substituídos.
Foram deslocados e substituídos
de uma forma em que o sector privado tem provado
ser um instrumento na criação de um novo habitat,
um novo ecossistema feito de casas,
serviços, infra-estruturas,
onde judeus israelitas e outros,
os seus parceiros, os seus associados
substituíram os palestinianos.
Pensem na construção das colónias,
estradas, infra-estruturas de água e electricidade ,
extraindo recursos naturais palestinianos
e depois produzindo bens e serviços
e fazendo-os circular,
ligando-se a um conjunto de mercados domésticos,
regionais e internacionais.
Se a Palestina fosse uma cena de crime,
teria as impressões digitais de todos nós.
Assim, por exemplo,
a Airbnb e a booking.com
anunciaram propriedades em terras
que os colonos e o Estado de Israel
roubaram aos palestinianos.
Continuamos a normalizar a ocupação
através de uma clique.
E isto nem sequer é o fim da história,
porque tem havido uma rede,
uma teia de facilitadores
feita de bancos como o BNP Paribas
ou o Barclay,
entidades financeiras como BlackRock e Vanguards,
e até universidades,
que conseguiram legitimidade e meios financeiros,
fundos, dotações
para o sistema prosperar
para que Israel pudesse continuar a fazer negócios como sempre.
É a deslocação e a substituição dos palestinianos
num círculo vicioso.
Agora, eu poderia ter escrito este relatório há décadas
e, ainda assim, o que aconteceu agora
é que em vez de se desvincularem desta economia de ocupação,
que é ilegal,
e precisamos de compreender o quadro jurídico existente,
porque implica responsabilidade
e possivelmente responsabilidade das empresas
e dos seus executivos,
é que em vez de se desvincularem,
estas empresas mantiveram o seu envolvimento com esta economia
e até lucraram mais.
A Hyundai tem fornecido maquinaria
que tem sido utilizada
para demolir infra-estruturas palestinianas na Cisjordânia.
E agora essa maquinaria
está a ser usada para pulverizar Gaza.
O mesmo acontece com a Volvo.
A Volvo tem fornecido autocarros
utilizados para ligar entre si as colónias
e as colónias a Israel,
ou pense-se no armamento que foi melhorado
e tornado mais sofisticado
através do apoio da inteligência artificial
e de outras tecnologias,
a fim de se tornar mais letal
a um custo de perdas de vida reduzido para os israelitas,
como tecnologias não tripuladas,
quadcopters, drones assassinos.
Tudo isto gerou uma economia verdadeiramente incrível,
com lucros muito elevados.
Mas pensem também na indústria da água
ou na indústria dos laticínios
que deveria ter-se queixado,
por ter perdido o mercado que Gaza representava, certo?
Não, não deram um pio
porque ideologicamente
apoiam o que o Estado de Israel está a fazer.
E as universidades,
não se desligaram das parcerias com as universidades israelitas
ou com o sector da defesa israelita
e outras formas de investigação,
em nome da neutralidade.
Mas não há nada de neutro,
nada de inocente
em envolver-se com um Estado
que comete e é acusado de cometer crimes de guerra,
crimes contra a humanidade
e genocídio.
Portanto, esta é a linha vermelha
que as empresas continuaram a atravessar
com conhecimento, intenção e propósito.
É por isso que digo
que estas pessoas não têm consciência,
não têm noção do que se está a passar em Gaza,
quero dizer: o mal que tem sido feito em Gaza,
ou, se têem,
apoiam-no!
E é por isso que eu digo,
que eles devem ser responsabilizados.
E é claro que as empresas podem dizer,
bem, mas o que é que eu posso fazer?
É Israel que faz com que o utilizador
queira os nossos produtos.
Sim, mas estão a permitir isso.
Estão a lucrar com um empreendimento ilegal.
O facto de estar diretamente ligado a esta economia
envolve-o numa economia de ocupação.
E se não forem responsabilizados em tribunal,
bem, terão de ser responsabilizados
através da capacidade de escolha dos vossos consumidores.
A vantagem deste relatório
está na forma como explica e expõe
um sistema de envolvimento e cumplicidade de actores privados
com um empreendimento ilegal.
O Tribunal Internacional de Justiça
afirma que a ocupação é ilegal.
[os Israelitas] devem retirar total e incondicionalmente.
Portanto, a questão é: como é que se pode imaginar
que o sector privado possa fazer o que é proibido fazer aos Estados,
como reconhecer as consequências legais de um acto ilegal,
que é criminoso,
e negociar e ser cúmplice no apoio a este esforço ilegal.
É por isso que eu digo que a única medida legal
que as empresas podem tomar
é desligar a ficha da tomada,
ou seja, retirar-se do seu envolvimento com Israel.
As entidades privadas podem safar-se
com as suas violações, do direito internacional
porque é isso o que sempre fizeram.
Historicamente, as entidades privadas têm sido facilitadoras
e impulsionadoras
dos empreendimentos coloniais dos colonos.
A expropriação, o desmembramento
e a subjugação de nações inteiras
povos indígenas de nações inteiras
são o testemunho vivo
de que os palestinianos são os últimos
a ser genocidados na busca de lucro.
No entanto, tal como os julgamentos dos industriais
após o Holocausto
marcaram o fim de uma era de total falta de responsabilidade,
e a África do Sul pós apartheid
avançou no desenvolvimento de um quadro normativo
para regular a conduta dos negócios,
este é o teste.
A Palestina está a obrigar-nos
a aproveitar a oportunidade para testar esse quadro jurídico
e para garantir que tudo o que as empresas fizeram até agora,
ou seja, perseguir lucros
sem qualquer responsabilidade e sem qualquer escrutínio,
mude de uma vez por todas.
As pessoas que estão a enriquecer com esta catástrofe
têm de ser procuradas onde quer que estejam
e ser responsabilizadas.
A Fundação Humanitária de Gaza
é uma bofetada na cara
de 80 anos de multilateralismo e assistência humanitária.
O que quer que estejam a fazer, não é ajuda.
É uma vergonha chamar-lhe ajuda.
Como é possível que o Estado
que é acusado de cometer actos de genocídio,
crimes de guerra
e crimes contra a humanidade contra os palestinianos,
incluindo a utilização da fome como arma de guerra,
seja o Estado que é autorizado
a distribuir alimentos aos palestinianos?
Tanto mais que o que quer que seja essa coisa,
a chamada Fundação Humanitária de Gaza
parece-se mais com uma empresa criminosa conjunta
com zero responsabilidade,
zero escrutínio,
mas especialmente zero propósito.
Porque, antes de mais,
a ajuda é um projecto complexo.
Não se trata apenas de atirar sacos de farinha às pessoas.
Há relatórios que referem a presença de comprimidos
que parecem ser estupefacientes
na farinha,
mas também a forma como a farinha é distribuída.
É um murro na cara do princípio da dignidade,
da humanidade,
de não fazer mal
e é absolutamente indigno.
A única recomendação que tenho,
e exorto os Estados-Membros a fazerem-no,
Sejam vocês a quebrar o bloqueio!
Todos os Estados que têm suporte na zona do Mediterrâneo,
os Estados europeus e os Estados árabes
devem enviar a sua marinha!
com pessoal humanitário e fornecimentos humanitários,
para o povo de Gaza.
Já chega de passarem fome,
de serem mortos,
de serem atormentados dia e noite.
Este pesadelo tem de acabar para os palestinianos,
para os israelitas
e para o que resta da nossa humanidade.
Um cessar-fogo não é a resposta,
especialmente de acordo com a forma israelita
de observar os cessar-fogo
onde o que outros vêem são ataques de Israel.
É assim que os cessar-fogos
são normalmente implementados.
O que está em causa não é o cessar-fogo.
O paradigma tem de mudar da auto-defesa,
seja ela qual for,
para a auto-determinação.
Também estou muito preocupada
com a forma como os Estados membros,
desde os Estados árabes aos Estados ocidentais
estão a discutir a reconstrução de Gaza.
Isto não é um negócio.
Temos de recuperar uma população
que sobreviveu a um genocídio
e temos de a curar.
Também precisamos de cuidar e curar os israelitas
que cometeram este genocídio.
Porque esta é uma sociedade
que, quando se aperceber do que fez,
enfrentará um colapso moral.
Mas também terão de enfrentar
a responsabilidade pelo que fizeram.
Veja, não há outra maneira de parar o genocídio
a não ser pará-lo.
O genocídio e a limpeza étnica dos palestinianos
do que resta da Palestina
não vão parar por inércia.
Têm de ser travados.
E o direito internacional tem em si
o roteiro para acabar com ele.
Acabem já com o genocídio,
acabem com a ocupação até setembro deste ano.
Porque foi isso que a Assembleia Geral ,
com base no parecer consultivo
do Tribunal Internacional de Justiça, assim decidiu,
e depois acabem com o apartheid.
Quaisquer que sejam as soluções políticas
que os palestinianos e os israelitas venham a decidir,
não podem ser outras
que não os direitos plenos e as liberdades para todos,
independentemente da sua identidade cultural,
religiosa ou política, desde o rio até ao mar.
Entretanto, os actores privados e públicos,
desde os funcionários dos governos,
até aos diretores executivos das empresas,
têm de ser responsabilizados.
O papel que a sociedade civil,
os advogados,
os sectores privados
e qualquer pessoa,
como consumidor ou como parte de uma instituição pública ou privada
podem desempenhar, é enorme.
Utilizem o vosso papel para fazer avançar a responsabilização.
É verdade que construímos a mudança a cada passo,
e este é o momento de o provar.
Que este seja o último genocídio na história da humanidade
e que este seja o último crime
que é cometido contra os palestinianos.
Repare, eu tenho um arrependimento:
o de não ter investigado a mídia
como a primeira entidade corporativa
que deve ser responsabilizada.
Mas está a chegar.
Portanto, obrigado meios de comunicação independentes
por fazerem o que os meios de comunicação corporativos
não têm sido capazes de fazer:
dizer a verdade!
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