Isabela, uma jovem de 22 anos com olhos que guardavam

Laços de Cuidado e Afeto

Isabela, uma jovem de 22 anos com olhos que guardavam histórias de resiliência, tornou-se os olhos e as mãos de seu padrasto, Eduardo, após um acidente que o deixou com mobilidade reduzida. O que começou como um dever familiar transformou-se numa dança delicada de descobertas mútuas.

Todas as manhãs, ela preparava seus medicamentos com mãos firmes, enquanto ele lhe ensinava sobre plantas medicinais do cerrado brasileiro. "Esta quebra-pedra", dizia ele apontando para um vaso, "é melhor que farmácia para os rins, minha flor". Isabela anotava tudo num caderno, entre sorrisos e memórias.

Nas sessões de fisioterapia, ele contava causos de sua juventude no interior de Goiás, e ela revelava sonhos de estudar enfermagem. Aos poucos, os papéis se fundiam - ela não era apenas cuidadora, era sua pupila na escola da vida; ele não era apenas paciente, era seu guardião emocional.

O momento mais precioso era o por-do-sol na varanda, quando ela lia Carlos Drummond enquanto ele ajustava o cobertor sobre suas pernas. "Você me cuida do corpo, Isabela, mas me salva é a alma", confessou ele numa tarde chuvosa, segurando sua mão com a força que lhe restava.

Quando Isabela recebeu a carta de aprovação em enfermagem, foram as lágrimas de Eduardo que regaram aquele momento. "Te ensino sobre plantas, você me ensina sobre coragem", sussurrou ele, colando o papel na geladeira como um troféu familiar.

Aprendiam que o cuidado não era sobre obrigação, mas sobre a arte de tecer fios invisíveis que unem almas - onde um era força quando o outro fraquejava, e juntos escreviam uma história onde o afeto era o melhor remédio.